É o segundo maior bioma brasileiro, sendo superado em área apenas pela Amazônia. Ocupa 21% do território nacional, é considerado a última fronteira agrícola do planeta (BORLAUG, 2002). O termo Cerrado é comumente utilizado para designar o conjunto de ecossistemas (savanas, matas, campos e matas ciliares) que ocorrem no Brasil Central. O clima dessa região é estacional, onde um período chuvoso, que dura de outubro a março é seguido por um período seco, de abril a setembro. Está presente três das maiores bacias hidrográficas da América do Sul (Tocantins-Araguaia, São Francisco e Prata), na região favorece sua biodiversidade. A grande variabilidade de habitats nos diversos tipos de Cerrado suporta uma enorme diversidade de espécies de plantas e animais. O número de plantas vasculares é superior àquele encontrado na maioria das regiões do mundo: plantas herbáceas, arbustivas, arbóreas e cipós somam mais de 7.000 espécies (MENDONÇA et al.,1998). Quarenta e quatro por cento da flora é endêmica e, nesse sentido, o Cerrado é a mais diversificada savana tropical do mundo. Convém, ainda, lembrar que os Cerrados também exercem importantes papéis como corredores entre Biomas como Amazônia e Floresta Atlântica, além de abrigar e fornecer alimento a fauna silvestre.
“O Cerrado, diferente dos outros matizes ambientais brasileiros, tem que ser entendido como um sistema biogeográfico. Sistema é um conjunto de elementos intimamente interligados, e qualquer modificação em um desses elementos provoca alterações maiores no sistema como um todo. No Cerrado temos ambientes totalmente ensolarados, como as campinas e os campos limpos, e ambientes sombreados. O Cerrado tem essa variação de ambiente. Entre o ambiente ensolarado e o umbrófilo (sombreado), há todo um conjunto de outros ambientes stricto sensu, como o cerradão, a vereda, as matas ciliares, todos interdependentes. Modificou um deles, todo o sistema sofre mudança. Isso vem sendo observado numa história evolutiva de milhões de anos. Por exemplo, nos chapadões, onde se encontram as campinas e os campos limpos, é onde ocorre também a recarga do aquífero, que alimenta áreas de matas situadas em terrenos mais baixos. A cobertura vegetal do cerradão, na área plana, é que garante a infiltração da água da chuva nas raízes das plantas. Retirada essa cobertura, a infiltração não ocorre como deveria, e isso prejudicará em maior ou menor grau todos os demais ambientes. O aquífero só é abastecido ali, as demais áreas são de descarga. É preciso ter uma visão global da História Evolutiva do Cerrado, uma evolução de mais de 60 milhões de anos. Houve uma adaptação a um tipo específico de solo, de clima, de agente polinizador que, se eliminado ou alterado, modifica as características dos demais elementos envolvidos”. (Altair Sales Barbosa) Doutor em Antropologia / Arqueologia pela SMITHSONIAN INSTITUTION de WASHINGTON D.C.- Estados Unidos. Liderou as pesquisas na região de Serranópolis/GO, onde foi encontrado o esqueleto cujo teste de Carbono-14 mostrou ter 11 mil anos – O Homem da Serra do Cafezal. Altair Sales é o fundador do Memorial do Cerrado e do Instituto do Trópico Sub-úmido. Ele atuou com genialidade e vasto conhecimento junto à PUC-Goiás.